Os novos atores sociais … Como eles impactam seu negócio

Desde 2007 o Brasil vive um momento único em sua historia em termos de demografia. Naquele ano, a população adulta passou a ser maior que a de crianças e idosos. É uma situação que os demógrafos denominam “bônus demográfico”, na qual a População Economicamente Ativa (PEA) de um país – a faixa entre 15 e 64 anos – é maior que as faixas etárias consideradas “dependentes” do seu trabalho, as crianças e os idosos. Segundo especialistas, essa é uma condição propicia ao desenvolvimento econômico.

Novos atores sociais

O crescimento econômico aliado aos programas sociais do governo e as ações de responsabilidade social da iniciativa privada, levou à diminuição da classe E, e ao ingresso de novos consumidores nas classes C e D, que deverão continuar ampliando seu poder de compra. Para cada adulto nas classes A e B, há 55 nas classes C e D e, para cada criança nas classes A e B, há 105 na menos favorecidas. Em termos de mercado consumidor, este quadro ajudará na popularização de lojas hard-disocunt e soft-discount e na consolidação das marcas próprias, opções mais vantajosas para as classes C e D.

Alguns levantamentos mostram outras alterações na composição da população brasileira. Uma pesquisa da Associação Brasileira da Industria de Panificação e Confeitaria (ABIP), por exemplo, mostra que o numero de solteiros era 3,2 milhões em 1996 e deve chegar a 12 milhões em 2016. Além disso, o aumento do numero de pessoas que não querem ter filhos, o adiamento dos casamentos, e a ampliação da quantidade de divórcios, além da longevidade, contribuem para elevação do numero de pessoas moram sozinhas. O primeiro impacto disso foi sentido no mercado imobiliário, que esta adequando produtos às pessoas que vivem sozinhas. Os consumidores solteiros – jovens e descasados entre 23 a 45 anos – hoje representa 10% das vendas do setor.

Dados do IBGE sobre mulheres também merecem atenção. Elas estão em melhor situação na saúde e tem expectativa de vida bem superior às dos homens; na educação, possuem anos médios de estudo mais elevados e são responsáveis por 60% do numero de concluintes do ensino superior. No mercado de trabalho, elas já ocupam 44% dos empregos, mas entre a PEA mais qualificada (com 11 anos ou mais de estudo), elas já são maioria. As mulheres são mais produtivas, trouxeram um novo ritmo de trabalho para os escritórios e tornaram o mercado de trabalho mais competitivo. Segundo pesquisa feita pela Catho, elas conquistam cargos de direção mais cedo, tornando-se diretoras, em media, aos 36 anos de idade.

A entrada delas no mercado de trabalho também causou grandes mudanças na sociedade. As mulheres contribuíram, por exemplo, para que a queda da taxa de fecundidade do País e aumentaram a renda familiar per capita, além de impulsionar a atividade econômica. No mercado, a saída delas do lar impulsionou a busca por praticidade e a venda de alimentos já preparados ou semiprontos. Na verdade, foram mais longe e alteraram profundamente o perfil do consumidor, porque elas espalham mais noticias “boca a boca” e são mais ligadas aos detalhes que compõem os produtos. Além disso, o ambiente, a decoração e o atendimento das lojas são muito importantes para elas.

Hoje pode-se dizer que as mulheres não são mais um nicho de mercado, mas o próprio mercado, pois já respondem, direta ou indiretamente, por 80% das decisões de compra da casa. No Brasil, elas respondem por 94% das compras de mobiliário domestico, 45% de carros novos, 92% de pacotes de viagens e 88% de planos de saúde. No total, elas movimentam mais de R$ 50 bilhões por ano apenas em compras no cartão de credito.

Consumidores e cidadãos

Com todas essas mudanças demográficas, surge no cenário um novo tipo de consumidor, ético, preocupado com a saúde, com a sustentabilidade e com interesse em produtos e serviços específicos. Haverá uma segmentação total do mercado, que criará a necessidade de uma quase “personificação”. Para conquistar esses consumidores, as empresas terão de investir em atendimento personalizado e no estudo do estilo de vida e do comportamento de seus clientes.

Será necessário criar segmentos de produtos customizados, voltados para cada nicho demográfico em ascensão, como solteiros, pessoas que moram sozinhas, casais sem filhos, idosos, homossexuais e outros. Por sua vez, a situação de “bônus demográfico”, cujo ápice será vivido no começa próxima década, e o crescimento das classes C e D, colocam novas oportunidades para todo tipo de negocio. A nova classe media requer e merece marketing e desenvolvimento de produtos. Ela valoriza excelência e exige diferenciação.

Portanto, mãos a obra para aproveitar estas oportunidades que surgem através destes novos consumidores e atores sociais.

(*) Pesquisa e adaptação de texto Deloitte Brasil 2015

Bons negócios,

Laecio Barreiros
L&Barreiros Controladoria