O Brasil se salva da crise ?

Empresários mantém planos de investimento no curto prazo, mas pedem mudanças nas políticas de cambio e juros.

Resumimos abaixo a opinião e a visão de alguns influentes empresários e executivos que falam sobre seus planos e expectativas de curto prazo, publicadas na edição de Setembro/11 da Revista América Economia .

Jose Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras
” A Petrobras não prevê alterar o plano de investir US$ 224,7 bilhões ate 2015, mas pode adiar a venda de participações em empresas “

Rubens Menin, presidente da MRV
” Os fundamentos para a construção civil: demanda, crescimento de renda, queda do desemprego e credito para o setor, continuam fortes “

Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano
” Vamos manter a previsão de investimentos para 2011, de R$ 3,5 bilhões, mesmo com a economia internacional fragilizada “

Líbano Barroso, presidente da TAM
” Não planejamos alterar investimentos, mas consideramos não ficar com quatro aeronaves adicionais previstas, caso o quadro se agrave “

Jacinto Caverstany, Vice-presidente da BT para Ibéria e America Latina
” Uma redução do setor de consumo pelo endurecimento das condições de acesso ao credito privado e o impacto mais preocupante que poderia haver “

Murilo Ferreira, presidente da Vale
” Não estamos planejando nenhuma mudança substancial do nosso planejamento estratégico e não houve pedidos de cancelamento de embarque “

Nicolas Fischer, presidente da operação da Nivea no Brasil
” No pais, o setor de cosméticos e um dos menos afetados pela crise. Mesmo em período de turbulência, o consumidor não abre mão de se cuidar “

Carlos Fadigas, presidente da Braskem
” Mantemos nosso plano de investimentos no curto prazo, mas, em caso de confirmação de piora do cenário mundial, seremos cautelosos “

Marco Túlio Pellegrini, VP para o Mercado de Aviação Executiva da Embraer
” E muito prematuro comentar sobre a crise. Nos não sentimos absolutamente nada nesse momento. Vamos aguardar “

Jose Rubens de la Rosa, diretor geral de Marcopolo
” A mudança do cenário internacional não foi sentida nos negócios, mas há uma defasagem entre a tomada de decisão e o dia a dia “

Thomas Bentz, presidente do Grupo Melitta
” Não pretendemos reduzir investimentos no Brasil em função da crise. É difícil dizer quando e como o pais será atingido “

No evento da Amcham-SP “ Business Round Up – Perspectivas 2012 ” que teve a participação do Diretor Executivo da L&Barreiros Controladoria, Laecio Barreiros, o economista e ex-ministro Dr. Mailson da Nóbrega, além de outros empresários e executivos:

Dr. Mailson, comentou o panorama 2012:

O cenário interno depende do desfecho para crise na Grécia, o cenário mais provável é o perdão substancial da divida grega, a Grécia receberia um desconto de 50% da divida e o custo desta decisão, seria uma década perdida de crescimento e estagnação econômica na Europa.
O impacto para o Brasil seria menor, pois sua economia esta mais ligado a Ásia ( China ) e não depende tanto da Europa … O que acontecer com a China é o que vai determinar o crescimento do Brasil.
Um fato relevante mencionado é que a contaminação da crise já esta acontecendo, as empresas estão esperando o que vai acontecer com a crise europeia para tomar suas decisões de investimento.
A expectativa de crescimento do PIB 2011 = 3,7% e 2012 = 3,5%
A seguir os segmentos que irão mais crescer no Brasil em função da demanda domestica:
-Varejo
-Credito
-Credito habitacional

Previsões:

Taxa Selic, previsão para dez/11 : 10,50% para 2012: 9,00%
Previsão juros real para final 2012: 2,00%
Perspectivas do cambio para final 2012: R$ 1,65/ 1,70 em função dos fundamentos econômicos

Conclusão : É um cenário de risco, mas com boas perspectivas para o Brasil em função dos fundamentos econômicos brasileiros.

Vejamos também a opinião dos representantes das industrias e setores:

Jorge Goncalves, conselheiro do IDV- Inst. Desenvolvimento Varejo, atua como Executivo na C&C
“ As perspectivas são otimistas em função dos dissídios em media de 9%, crescimento do emprego e renda, isto favorece o varejo ”

Edmundo Klotz, presidente ABIA – Associação Brasileira da Ind. Alimentos
Temos os maiores atributos para a sustentação do crescimento :
1- produção de alimentos, somos o 2o. maior produtor de alimentos do mundo
2- mercado interno, consumo em crescimento
3- subida do dólar, favorece a exportação de alimentos e como dites, a entrada de investidores externos é um ponto relevante na cadeia da indústria de alimentos.
4- A expectativa de crescimento para 2012 é de 7,00%
5- O varejo e os alimentos são 2 setores mais promissores para o futuro

Sergio Watanabe, presidente SINDUSCON
O mercado da Construção Civil em 2011 : cresce 5% .
Para 2012 : por ser investimento de longo prazo e tem um carregamento de anos anteriores, projeta um cenário bom para os próximos 5 anos, podendo crescer de 4 a 4,5% .
Fatores como o mercado de trabalho em crescimento, crescimento da renda e credito imobiliário, sustentam o crescimento.
A indústria da construção civil tem o desafio de se reinventar e aumentar o nível de tecnologia de construção para reduzir a dependência da mão de obra .
É o segmento mais promissor para 2012 e também é o que pode ser mais impactado se houver restrição do credito.

Antonio Gil, presidente Brascom – TI
O mercado TI em 2010 é o 7 do mundo com USD 85 bi.
O setor de TI no Brasil é muito bom, é um dos mais avançados do mundo, pois os setores mais desenvolvidos da economia, usam fortemente TI.
A janela demográfica para mais 20 anos e as mudanças tecnológicas, exemplo: Cloud, celular, banda larga, etc … serão os responsáveis por grandes transformações no setor.
Existem hoje 350 milhões de emergentes no mundo querendo consumir, são oportunidades que se abrem para o Brasil nos próximos 10 anos .
O programa Brasil Maior, traz um grande diferencial pois reduz em 20% do custo do INSS sobre a Fopag. Hoje temos 1,5 milhão de profissionais em TI e precisaremos de mais 750 mil ate 2020.
A grande ameaça e risco para o Brasil é a Índia, que pretende dominar este mercado, quer exportar USD 330 bi nos próximos 10 anos.

Marcio Ribaldo, diretor RI Abimaq
Estamos sofrendo muito, não temos ideia que ira acontecer em 2012 !
Pergunto, quem vai fornecer para todos estes segmentos ascendes ?
Afirmo que segmento é competitivo, o Brasil é que não é competitivo, por causa do custo brasil ( impostos, mão de obra, infraestrutura ).
A solução não é exportar commodities e sim produtos de valor agregado
Projetamos um crescimento de 6% para 2012.

Resumo:
A principio, todos acreditam no crescimento de curto prazo e nos fundamentos econômicos do Pais em função da Demanda Interna, mas estão muito apreensivos com os desdobramentos da crise Europeia.

Bons Negócios,

Laecio Barreiros