O Fracasso do Empreendedor

Fausto considerava-se um empreendedor de sucesso. Do nada, criara a Travel & Stay, hoje com 3 filiais. Despejou muito suor em suas mais de 15 horas de trabalho diário. Às vezes , quando os filhos eram pequenos, ficava a semana inteira sem vê-los. No final das contas, a empresa seria deles um dia! Hoje era diferente. Cada filho tocava uma filial. Fausto gabava-se de possuir um sistema de informações gerenciais enxuto e de baixo custo.

Poucas semanas depois, Fausto morreria num acidente de automóvel. Imediatamente, criou-se o caos na Travel & Stay. Boa parte das informações gerenciais não estavam disponíveis. Planos para o futuro tinham se ido com o falecido. Os três filhos começaram imediatamente a disputa pelo cargo do pai. Infelizmente a empresa não durou mais de 12 meses após o acidente. Fausto foi logo esquecido. Foi um bom empreendedor durante sua vida, mas não soube ser empresário de visão para fincar as raízes que perpetuariam a sua obra.

Vejamos o que Fausto poderia ter feito de diferente e que certamente lhe conferiria o status de empresário de sucesso, lembrado como tal após a sua morte. Ele poderia ter preparado e formado melhor os filhos como herdeiros; ter profissionalizado a empresa e seus controles; organizado o empreendimento visando a sua perpetuação; criado um grupo de pessoas com as quais poderia trocar idéias e assim por diante.

Apesar desta pequena história ser fictícia, podemos ver as nossas empresas ou nós mesmos em situações semelhantes. O que fazer para criar bases sólidas para a profissionalização e perpetuação do negócio? Poderia um conselho consultivo ser uma das soluções para as empresas familiares?

O que vem a ser um conselho ? Nada mais do que um grupo de pessoas que tem por objetivo aconselhar o dono da empresa e, eventualmente, os seus gestores sobre questões administrativas, táticas e estratégicas. O conselho consultivo não toma decisões.

Portanto uma pauta de temas para esse conselho poderia versar sobre inúmeros assuntos, tais como conjuntura econômica e estratégia; análise dos resultados da empresa; processo sucessório; o futuro da nova geração e demais questões ligadas ao negócio.

Montar uma estrutura desse tipo em nossas empresas é muito mais fácil do que pensamos. Toda empresa, independentemente de seu tamanho, poderia e deveria ter o seu conselho consultivo .A constituição desse grupo de pessoas requer alguns passos simples. A saber: quem convidar para fazer parte; foco inicial dos trabalhos; elaboração do regimento interno; periodicidade das reuniões e assim por diante.

Mas talvez a pergunta mais importante que temos de fazer seja a seguinte: existe realmente o desejo e a predisposição para termos um fórum de troca de opiniões e profissionalização em empresas familiares? Todos precisam compartilhar da mesma idéia e estar de acordo. Se for o caso, vamos em frente!

Por: Thomas Michael Lanz – economista e consultor de empresas familiares, entre outras, na área de gestão, sucessão e governança. É conselheiro certificado pelo IBC- Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, com participação em conselhos de empresas nacionais e de capital estrangeiro.