Excelência em Inovação – Lições das campeãs brasileiras
Empresas brasileiras como Petrobras, Natura, Braskem, Omnisys Engenharia, Laboratório Cristália, Bematech, Care Eletric e Vale entenderam o imperativo da inovação e trabalham para transformá-la em parte do sistema organizacional.
Para produzir reiteradamente inovações radicais – a ponto de mudar fundamentalmente o modo como as coisas são feitas, alterar expectativas e hábitos de clientes, reinventar estruturas de custos ou redefinir a base da competição – e gerar, no processo, riqueza considerável, todas elas institucionalizaram a inovação, exatamente como abordaram o desafio de institucionalizar outros recursos empresariais, como o Total Quality Management, a produção enxuta, o ERP ( enterprise resource planning ) ou o Six Sigma. Fizeram um esforço considerável para incutir o DNA da inovação em quatro componentes interdependentes, que se reforçam mutuamente: liderança e infraestrutura; pessoal e competências; processos e ferramentas; cultura e valores.
Para fazer da inovação uma competência intrínseca e sistêmica é preciso reunir e integrar perfeitamente todos esses quatro componentes organizacionais. O artigo mostra como as campeãs brasileiras da inovação fizeram isso – e como sua empresa pode fazer também .
Inovação “ Made in Brazil ”
Por que certas empresas brasileiras conseguem inovar de forma constante e rentável, enquanto outras não ? O que as campeãs fazem para produzir reiteradamente inovações tão radicais – radicais a ponto de mudar fundamentalmente o modo como as coisas são feitas, alterar expectativas e hábitos do cliente, reinventar estruturas de custos ou redefinir a base da competição ? E gerar, no processo riqueza considerável ?
Nitidamente, as campeãs da inovação no Brasil estão fazendo algo certo. Eis uma relação parcial de algumas de suas recentes descobertas:
– O primeiro plástico “verde” do mundo feito com insumo 100% renovável, o etanol da cana-de-açúcar, da Braskem;
– Um sensor de ponta para satélites que orbitam a altitudes elevadas e dão uma previsão confiável do tempo para grandes zonas mesmo em meio a nebulosidade e chuva, da Omnisys;
– Uma turbina especial para hidroelétrica que usa fluxo normal e desimpedido do rio para produzir energia com impacto menor sobre o meio ambiente, desenvolvida pela Care Eletric;
– Uma serie revolucionaria de cosméticos orgânicos antienvelhecimento projetados para cada faixa etária e para distinta perfis de envelhecimento, marca registrada da Natura;
– Um modelo definidor de padrões para produção, distribuição e utilização de bioenergia – modelo que inclui novos insumos e novas tecnologias industriais, da Petrobras;
– O mais avançado simulador de realidade virtual em 3D do mundo para formação de condutores de locomotivas, criado pela Vale;
– Uma técnica pioneira para seqüestro mais eficaz de CO2 de emissões industriais, da Embrapa:
– Matérias-primas de ponta que permitem a criação de produtos farmacêuticos inovadores, como as usadas pela Cristalia;
– Um conceito novo e bacana de bar no qual o cliente usa telas sensíveis ao toque instaladas nas mesas para fazer seus pedidos, criado pela Bematech.
Seja também uma campeã
É nem provável que o leitor não trabalhe ou tenha um lugar ou empresa tão inovadora como as citadas. Então o que fazer para que sua empresa seja uma campeã da inovação ? A única saída é empregar sistematicamente mecanismos como; políticas, processos e sistemas que permitam que uma cultura de inovação vá evoluindo gradativamente para, em seguida, se perpetuar.
Essa mudança cultural exige tempo, dinheiro e comprometimento. Aliás, uma organização pode levar de 3 a 5 anos para adquirir habilidades, ferramentas, processos de gestão, indicadores, valores e sistemas de TI necessários para o suporte continuo da inovação por toda a empresa. Não é algo que possa ser feito de forma instantânea. Mas a mensagem deste post é que é, sim, algo possível.
Se as campeãs brasileiras assumiram o desafio de inovação – e já esta obtendo resultados extraordinários – , sua empresa pode fazer o mesmo.
Texto resumido e adaptado por Laecio Barreiros, extraído da Revista Harvard Business Review – Brasil na edição Agosto 2010